Morte por motivo fútil é alvo de campanha nacional
Uma discussão durante uma festa por causa do excesso de sal na carne do churrasco acaba em morte.
Outra desavença, ocorrida porque uma pessoa não quis informar a hora, também resulta em homicídio.
Levantamento feito pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) em 15 Estados e no Distrito Federal mostra que situações como essas são mais comuns do que se pode imaginar.
Em São Paulo, por exemplo, em 83% dos homicídios dolosos (intencionais) esclarecidos pela polícia, constatou-se que a causa do crime foi motivo fútil ou impulso.
Em outros Estados, como o Rio de Janeiro e o Paraná, esse índice é menor, 27% e 24%, respectivamente.
Independentemente da porcentagem, o CNMP considera que crimes como esses poderiam ter sido evitados. São mortes motivadas por briga, ciúme, conflito agrário, discussão no trânsito, homofobia, intolerância religiosa, racismo, vingança e violência doméstica.
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Peças da campanha 'Conte até 10', com os lutadores Anderson Silva (acima) e Júnior Cigano |
"Muitas vezes, vemos que uma pessoa que não é uma assassina contumaz mata alguém por motivo fútil. Essa pessoa acaba com a vida de outra e com a sua própria. Se não estivesse de cabeça quente, não teria cometido o homicídio. É esse tipo de crime que queremos evitar", afirmou a juíza Taís Ferraz, conselheira do CNMP.
Por conta disso, o órgão, em parceria com o Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Justiça, lança hoje a campanha publicitária "Conte até 10".
Nos próximos dias, jornais, emissoras de rádio e TV veicularão informes publicitários, vídeos e jingles orientando as pessoas a se acalmarem e contarem até dez para evitarem confrontos.
A ideia é reduzir a quantidade de mortes no país. Só no ano passado, cerca de 43 mil pessoas foram assassinadas.
Pesquisador na área de segurança pública, Daniel Cerqueira diz que, pelos dados disponíveis hoje, não é possível concluir que a maioria dos homicídios ocorreu por motivos fúteis, porque o índice de esclarecimento de crimes ainda é baixo no país.
A campanha publicitária custou R$ 370 mil e será estrelada pelos lutadores de MMA (artes marciais mistas, na sigla em inglês) Anderson Silva e Júnior Cigano e pelos judocas medalhistas olímpicos Sarah Menezes e Leandro Guilheiro. Nenhum deles cobrou cachê.
O CNMP lançará também um jogo que vai testar a paciência das pessoas. Os personagens do game, que estará disponível no site do CNMP e para celulares, são os quatro atletas da campanha.
No ano que vem, por meio de uma parceria com o Ministério da Educação, a campanha deverá ser estendida para escolas da rede pública.